23 Guerreiros

11/12/2012

運命づけられた Danilo 運命づけられた 23 Samurais 戦士 Guerreiros Do Mundial 2012

 

“Posso agregar essa experiência de já ter jogado, passar o que vivi ali para alguém. É preciso estar muito concentrado e preparado para tudo”

Danilo e Corinthians. Era quase inimaginável pensar que essa mistura resultaria em tanto sucesso. O Timão é calor, carrinho, gritaria, emoção, loucura. Danilo é frio, classe, fala mansa, paz, chega a parecer mole, sonolento para quem não o conhece. Só quem não conhece, não vê a importância de se ter um predestinado na equipe.

É assim que o meia se considera, e foi essa a palavra que ele escolheu para resumir sua vida. Único dos samurais alvinegros a já ter sido campeão mundial como titular de uma equipe, em 2005, no rival São Paulo, Danilo realmente parece marcado pelo destino. Chega aos clubes em seus melhores momentos, faz sempre as escolhas certas. Desde que tinha 17 anos e, num domingo em Ibiá, pequena cidade do interior de Minas Gerais onde foi criado, decidiu não se apresentar ao Atlético Mineiro no dia seguinte, como estava combinado, e partiu para o Goiás.

Em 1996, o jovem foi liberado do trabalho de serralheiro com o pai para disputar um torneio de futsal pelo time do Esparta, de São Gotardo, cidade próxima e mais estruturada, tanto que foi lá onde sua mãe deu à luz. Na região, todos já falavam do futebol de Danilo, mas não se sabia qual era o parâmetro. Ibiá é um município que sofreu decréscimo de população e marcado pelo analfabetismo. O filho da terra poderia ser bom lá, mas seria bom para o país?

Os grandes do estado resolveram tirar a prova. Danilo fez testes no Cruzeiro e no Atlético, mas acabou no Galo. Uma passagem de apenas duas semanas. Num domingo de eleição, de volta para casa, ele soube da possibilidade de defender o Goiás: outro estado, muito mais longe… E topou.

– Futebol tem muito isso, de dar certo num lugar e não dar em outro. No Atlético eu vi que estava difícil. Achei estranho porque o pessoal já tinha me visto jogar, eu morava com os garotos, mas acabava treinando separadamente, não era junto com eles. Acho que essa decisão foi fundamental, eu poderia não ter virado nada. Foi uma decisão que tomei do nada.

O treinador das categorias de base do Goiás na época havia deixado seu próprio telefone com um tio de Danilo após seu bom desempenho no torneio de futsal. A oferta era mesmo mais sedutora: viajar no dia seguinte com todos os documentos, apresentar-se no alojamento da Serrinha e já disputar o campeonato estadual de juniores. Com sessenta, cem reais por mês, o jovem passou a viver numa cidade muito maior. Ibiá ficou para trás, para sempre.

– Quando meu pai voltou para casa, bateu o desespero.

E a partir disso começou a se formar o Danilo que todos conhecem hoje: pacato, incapaz de levantar a voz ou mostrar um semblante raivoso. A tranquilidade vem da mãe, de mesmíssimo temperamento, mas se hoje o jogador dá trabalho aos zagueiros e goleiros adversários, ontem eram professores que sofriam em suas mãos. Por mais impossível que seja imaginar a cena, Danilo dava trabalho e apanhava de cinto.

– Eu era muito levado. Meu pai fala que apanhei muito de cinto, dei muito trabalho. Minha mãe tentava ajudar, mas meu pai sempre foi muito rígido – lembra o meia, que hoje vive o outro lado com os terríveis três filhos: Lucas, Matheus e David.

Enquanto aprendia a lavar roupa, arrumar a cama, entre outras tarefas que a mãe não fazia mais, Danilo ainda disputou três anos de categorias de base. Caso muito raro se comparado aos garotos de hoje, tornou-se profissional apenas aos 20 anos, até porque, pela idade, já não poderia mais atuar pelas equipes inferiores. Mas logo chamou a atenção de clubes grandes. O São Paulo, clube que viria a defender em 2004, tentou levá-lo em 2001, mas esbarrou no paredão que era a diretoria do Goiás.

Por mais que os atletas pedissem, os empresários insistissem, o clube vivia bons anos, inclusive financeiramente, e não abria mão de suas principais estrelas. Paciente, Danilo esperou para, enfim, chegar a São Paulo. E nem a cidade gigantesca assustou o filho de Ibiá. As críticas de torcedores perderam argumentos quando ele conquistou todos os títulos possíveis: Paulista, Libertadores, Mundial e Brasileiro. E o Kashima Antlers, do Japão, se fascinou por seu futebol, seu currículo e seu jeitão bem japonês de ser.

O primeiro ano foi difícil, claro, em razão do idioma, entre outras tantas diferenças. Mas depois, como sempre, tirou de letra. Foram cinco títulos em três temporadas do predestinado.

– Lá é muito bom, tranquilo, país certinho, correto. Mas fiquei três anos e já estava doido pra voltar. Meu terceiro filho ia nascer, a escola poderia atrapalhar. Optei por vir para o Brasil, mas sinto muita saudade.

Mais de um clube se interessou por Danilo em seu retorno, mas os projetos, a presença de Ronaldo e o desafio de repetir o êxito que já havia tido no São Paulo por um rival tão intenso seduziram o jogador. No Corinthians, as partidas importantes se acumularam: Paulista, Brasileiro, Copa do Brasil, Libertadores… E na véspera dos jogos, coube sempre a ele acalmar a esposa. Não deveria ser o contrário?

– Ela me liga, não consegue dormir, pergunta como eu consigo ficar tão tranquilo. Eu não fico pensando no jogo, não. Penso nisso só na hora em que chego ao estádio, senão atrapalha. Falo para ela se distrair, pensar em outra coisa. Sou eu que a tranquilizo (risos).

Essencial na Libertadores, o camisa 20, enfim, mata a saudade do Japão. Onde já viveu, já foi ídolo e já foi campeão mundial, uma experiência que pode ser fundamental para o Timão voltar com a taça ao Brasil.

– Temos de manter nosso estilo de jogo, marcar forte, se ajudando, e estarmos em dias bons porque são só dois jogos e não podemos perder. Temos de fazer dois grandes jogos.



Sobre o Autor

Pablo
Coordenador de Suporte, Governador da República Popular do Corinthians e Louco pelo Timão!




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