do Blog do torcedor do Corinthians do Globoesporte.com:
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O jogo era fora de casa.
O comportamento tático do time, a gente já imaginava como seria.
O time santista, jogando em seus domínios, viria pra cima, com avanço dos laterais, os deslocamentos constantes dos homens de frente, a experiência de Ricardo Oliveira comandando o ataque e a bola passando pelos pés de Lucas Lima (o articulador principal das jogadas) e Gabriel.
E assim, em poucas linhas, mapeamos o time santista. Sem recursos de equipe de tecnologia, sem ter auxiliares pra nos apoiar, apenas contando com o mínimo de experiência adquirida no futebol e um pouquinho de visão tática de jogo.
E se fossemos treinador, como armaríamos nosso time pra enfrentar o dono da casa? Marcação especial sobre Lucas Lima, encurtada, “tirando a distância” entre marcado-marcador, sem permitir que ele tivesse liberdade pra receber a bola, para-la sob os pés, observar o melhor posicionamento de cada colega e fazer a jogada, lançando ou tentando o drible.
De resto, o de sempre, como o time costuma se comportar fora de casa: segurar os laterais, que não apoiarão o ataque com frequência, os atacantes acompanhando o avanço dos laterais adversários e muito cuidado com a movimentação constante dos homens de frente. Alerta máximo e muita conversa, um auxiliando o outro, avisando-o cada vez que se observar que algum contrário está ensaiando um deslocamento pra receber a bola em boas condições. E ao retomar a bola, transição rápida, abusando da velocidade dos nossos atacantes.
Fizemos isso ontem? Não. Dali do banco, Tite e seu auxiliar, Carille, impassíveis, observando isso tudo. O time dentro de campo sendo engolido pela molecada santista, que chegou a ter incríveis 70% de posse de bola e 60% em média, no primeiro tempo. Praticamente um massacre.
No segundo tempo, até por força da necessidade de reverter o placar, o Corinthians avançou um pouco. Um pouco. Abandonou (também um pouco) a postura de time pequeno e mudou (um pouco…) a atitude. Mas ai em campo, já estava Vagner Love. Luciano, com suspeita de ruptura dos ligamentos, já havia saído de campo.
E com Love em campo, muita vontade, muita luta, mas isso tudo nem sempre é convertido em bola na rede, a coisa degringolou de vez.
Até que time da casa, aproveitando-se das nossas deficiências ao longo do jogo, chegou ao 2º gol, fechando o placar, dando números finais ao 1º confronto entre as equipes, válido pelas oitavas da Copa do Brasil.
Na próxima quarta-feira, em Itaquera, teremos que vencer por uma diferença de 3 gols. Missão dificílima, porém não impossível.
O Santos pode perder até por 1 gol de diferença, que estará classificado. 2 a 0 e a partida irá para os pênaltis.
E ai o nosso torcedor olha pro passado recente e relembra as duas disputas mata-mata que fomos desclassificados, em casa, neste ano. E naturalmente, fica preocupado, temeroso, ressabiado, desconfiado, “Será que vai dar”?
Que dá, dá. Mas pra isso acontecer, o time vai ter que se comportar de um jeito que ainda não se comportou, jogando principalmente em casa. Tem que fazer muitos gols e não sofrer nenhum. Não vai poder dar tanto espaço pros principais jogadores santistas. Vai ter que entrar pilhado, focado na disputa e não como ontem, que parecia que o time estava disputando um jogo qualquer, sem pegada, sem brio e sem vontade.
O Corinthians, mais do que sempre, vai ter que ser Corinthians, semana que vem, contra o Santos.
A torcida com certeza vai comparecer, lotar a Arena e fazer a sua parte.
VAI CORINTHIANS!
NOTA DOS JOGADORES E TREINADOR
CÁSSIO: Não comprometeu e nem teve culpa nos gols. Quando deu encaixou, quando não deu, foi no soco e na espalmada. 6
FAGNER: Teve muito trabalho pelo seu lado. Fez desarmes, foi vencido em alguns lances, limitou-se mais a marcação, do que no apoio, já que o jogo era fora de casa. No 2º gol, entrou no apagão geral da defesa. 5
GIL: Num jogo como este, quando se tem pela frente jogadores que se deslocam muito a partir da faixa intermediaria, tem que tomar a iniciativa e participar da reorganização defensiva. Participou da noite sem inspirada do time e principalmente, do setor defensivo. 5
FELIPE: Vale para Felipe as mesmas palavras destinadas ao Gil. 5
UENDEL: Enormes dificuldades na marcação, já que o adversário atacou pelos lados com enorme volúpia. E quando apoiou, foi mal. 4,5
BRUNO HENRIQUE: Teoricamente, deveria ser o responsável pela marcação mais aproximada em Lucas Lima. 4,5
ELIAS: Melhorou um pouquinho no 2º tempo. Mas só um pouquinho. De resto, bem apagado. 4
JADSON: Também apagado. E por força do esquema tático quando o time joga em casa, um jogador responsável pela criação sofre, pois fica praticamente sem função. 4,5
RENATO AUGUSTO: O melhorzinho do time. Tentou criar, lançou-se ao ataque e teve que fazer isso tudo praticamente sozinho. 6,5
MALCOM: Mal pela 2ª partida consecutiva. Apagado demais, a bola queimando nos pés. 4
LUCIANO: Enquanto esteve em campo, isolado na frente, a bola não chegava. 5
VAGNER LOVE: Ele corre, ele luta, mas a cabeça não acompanha o corpo e vice-versa. Perdeu uma grande oportunidade, “furando” no momento da finalização. 5
MENDOZA: Por mais incrível que isso possa aparecer, foi o responsável pelo lance de mais brilho pelo lado corinthiano, no 2º tempo. 6
DANILO: Jogou pouco tempo.
TITE: Dizem que sou implacável com Tite. Que pego no seu pé, mesmo quando ele foi campeão, da Libertadores e do Mundo. Confesso (e nem precisava) que não sou fã do professor. Mas respeito seu trabalho e suas habilidades. A forma como trata os funcionários, os colegas de imprensa, seus comandados e os jogadores. E uma das maiores habilidades de Tite é a retórica. Sua fala é uma palestra. Faz o simples se tornar algo profundamente filosófico. Eu vejo a coisa diferente. Vejo com simplicidade, não entendo essa necessidade de filosofar tanto algo tão simples. Não compreendo a dificuldade de mudar o obvio diante dos olhos, a demora pra tomada de decisões, o pragmatismo, a mesmice. Tite não surpreende na formação tática do time e facilita demais o trabalho dos treinadores adversários. Como ontem. 4,5