Para um (a) apaixonado (a) pelo Corinthians, várias histórias permeiam uma partida de futebol: a preparação, a situação do departamento médico, a tabela atual do campeonato, a escalação, a velocidade do vento, o momento do jogador, a arbitragem e, claro, o jogo propriamente dito.
Apaixonada pelo Corinthians e por Literatura, as histórias que permeiam minhas partidas são ainda mais amplas. Explico: tímida que sou, ainda que disfarce com maestria, gosto de apurar os sentidos ao acompanhar momento tão interessante e, se tivesse uma intimidade maior com as palavras, seria capaz de escrever diversas crônicas sobre a beleza e singularidade que envolve um jogo de futebol do melhor time do mundo.
No último domingo, por exemplo, tudo pedia e merecia uma crônica, poesia ou citação:
*a tarde de uma temperatura agradabilíssima e o céu de nuvens que propiciavam a boa e velha brincadeira de enxergarmos formas em sua brancura de algodão doce;
*a senhora sexagenária que estava radiante em estar com o neto;
*o casal que levou os amigos gringos e fazia questão de explicar tudinho com uma riqueza quase impossível de detalhes;
*o bebê de meses que, no colo da mãe, dormiu a partida inteirinha;
*o novo encantamento na hora do Hino Nacional;
*o gramado impecável do Pacaembu;
*a dificuldade de sentar e garantir o lugar marcado (imagina na copa);
*as novas camisas azuis que, para desespero do Christopher, caíram no gosto da torcida e apareceram em muitas centenas;
*a criança que, no ombro do pai, narrava lances da partida.
Tecnicamente falando o jogo foi cronicamente inviável, mas a beleza que o envolveu na presença de 35 mil pessoas foi digna de nota.